Armadura de Bordo em Lajes: Pra que serve e como fazer?

As lajes são os elementos da estrutura de qualquer prédio que recebem as cargas oriundas da utilização direta da estrutura. Calcular esses elementos pode ser um desafio, por isso algumas simplificações na hora de calcular são necessárias.

A primeira simplificação que fazemos ao dimensionar as lajes trata da consideração destes elementos como peças bidirecionais, visto que a espessura de uma laje é bastante pequena e as cargas que são aplicadas são (em sua maioria) perpendicular ao plano, ou seja, não consideramos a terceira dimensão da laje (altura), nem as cargas transversais.

Outra simplificação importante que facilita o cálculo das lajes trata dos vínculos de apoio destes elementos estruturais. Normalmente as lajes são apoiadas em vigas, contudo o tipo de vinculação que a laje terá com a viga que recebe a carga da mesma varia conforme o método construtivo empregado, qualidade da construção, entre outros parâmetros. Ainda assim, podemos considerar três tipos de vinculações possíveis de acontecer: Apoio simples, engaste e apoio elástico.

Apoio Simples – trata-se de um apoio onde o elemento apenas é colocado em cima do apoio, ou seja, as ações resultantes são apenas forças.

Engaste – trata-se de um modelo onde o apoio recebe a carga de momento também, ou seja, além de resistir a força oriunda da laje a viga recebe (de forma perfeita) os momentos oriundos da mesma.

Apoio elástico – assim como no engaste nesse modelo a viga recebe também o esforço de momento oriundo da laje, porém não ocorre de forma tão perfeita como imaginado no modelo de engaste, visto que a capacidade da viga de receber este esforço está associada a rigidez da mesma, em outras palavras, neste tipo de apoio os esforços aplicados são dimensionados conforme as deformações dos elementos. Trata-se do modelo de cálculo mais acurado.

Na vida real, fora do mundo de cálculo, o apoio elástico esse é o mais próximo ao comportamento dos materiais. Como normalmente esses elementos são concretados juntos, teoricamente eles se comportariam como um engaste. Porém, o concreto é um material elástico e há uma grande diferença de rigidez entre a laje e a viga, o apoio não se comporta como um engaste perfeito.

Para facilitar o seu entendimento, vamos dar um exemplo: Imagine um tampo de mesa apoiado em cavaletes, eu posso movimentar o tampo em todas as direções (menos para baixo) e, com força suficiente, flexionar o tampo sem que os cavaletes se movam. Isso é um exemplo de apoio simples. Já para o engaste, vamos supor que pregamos o tampo da mesa nos cavaletes. Agora, sempre que tentarmos mover o tampo para alguma direção pelo menos um dos cavaletes terá que se mover junto. A diferença dessa analogia para estruturas de concreto é que as estruturas de concreto não podem se mover, portanto, no lugar de deslocamentos são gerados esforços internos.

Assim, para simplificar o cálculo é preferível calcular as lajes sempre como apoiadas nas vigas. Essa consideração, além de simplificar o dimensionamento, é favorável a segurança, pois lajes simplesmente apoiadas sofrem momentos positivos maiores do que lajes engastadas sob o mesmo carregamento. A única consideração que deve ser feita é que, devido as lajes terem um apoio elástico no mundo real, é possível que surjam momentos negativos perto dos seus apoios (se você quiser entender um pouco mais sobre o momento negativo em engastes leia o nosso artigo sobre balanços LINK). Esses momentos normalmente são bem pequenos e, em primeiro momento, não apresentam risco à segurança. Mas quando as lajes possuem vãos grandes e/ou as vigas de apoio tem dimensões elevadas, pode ocorrer fissuras nas lajes nas regiões próximas aos apoios.

Para evitar o aparecimento destas fissuradas as chamadas armaduras de bordo ou armadura de canto devem ser colocadas junto aos apoios (no encontro da laje com a viga de suporte). A maior parte dos estudiosos no assunto indicam utilizar como armadura de bordo barras com 25% de área de aço da armadura principal calculada que é aquela disposta nas bordas da face inferior da laje. Normalmente, a armadura de bordo tem a forma de “L” e é ancorada (amarrada) na armadura da viga.

Além de absorver os esforços dos momentos negativos gerados pelo apoio elástico ela também ajuda a laje e os elementos a se comportarem mais como uma estrutura só, fortalecendo o engaste. Assim irão surgir deformações menores entre os elementos.

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